A suinocultura se posiciona como um dos pilares do agronegócio nacional, não apenas pelo seu impacto econômico, mas também pelo compromisso crescente com a sustentabilidade e a segurança alimentar. Em um cenário global onde as demandas ambientais e sanitárias se intensificam, o setor tem se destacado pela adoção de práticas inovadoras que promovem a eficiência produtiva e a preservação dos recursos naturais.
O uso de energia solar nas granjas tem se tornado um exemplo de sustentabilidade e economia no setor. Aliada à implantação de biodigestores, a cadeia de produção não apenas reduz sua pegada de carbono, mas também transforma os dejetos dos animais em biogás e biofertilizantes, criando um ciclo virtuoso de aproveitamento de recursos.
Outro diferencial é a utilização de insumos produzidos no Brasil, que fortalece a cadeia produtiva nacional e reduz a dependência de importações. As condições climáticas do país também favorecem o cultivo de grãos utilizados na alimentação dos suínos, garantindo maior previsibilidade e menor impacto ambiental. “A criação de suínos brasileira também se diferencia pela localização da produção fora do bioma amazônico, uma região sensível às questões ambientais. Além disso, o setor tem investido na aplicação de tecnologias para otimizar a utilização de água, grãos e energia, promovendo ganhos produtivos que respeitam os limites ambientais”, ressaltou o ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, durante sua participação na Conferência Brasil Sul da Indústria de Produção de Carne de Frango (Conbrasfran), realizada em meados de novembro em Gramado, na serra gaúcha.
Crescimento sustentado
Nos últimos 20 anos, a suinocultura brasileira exportou mais de 13 milhões de toneladas de carne suína, gerando receitas superiores a US$ 30 bilhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Esses números são expressivos, mas não se limitam à suinocultura. Juntos, os setores de aves, ovos, suínos e bovinos de corte movimentaram mais de 113,3 milhões de toneladas e geraram US$ 260,5 bilhões, contribuindo de forma significativa para o PIB nacional.
De acordo com o presidente do Conselho Consultivo da ABPA, o Brasil representa 4,4% da produção global de carne suína, consolidando sua posição como o quarto maior produtor mundial. Em 2024, a produção nacional alcançou 5,35 milhões de toneladas, um crescimento de 3,8% em relação ao volume registrado em 2023, que foi de 5,156 milhões de toneladas. O número de abates ultrapassou 56 milhões de cabeças.
Quando o assunto é exportação, o Brasil ocupa a quarta posição global, tendo enviado 1,35 milhão de toneladas ao mercado externo em 2024, um recorde histórico que supera em 9,8% o volume exportado no ano anterior. A receita das vendas externas, pela primeira vez, ultrapassou o patamar de US$ 3 bilhões, atingindo um crescimento de 7,6% em relação a 2023. “O setor representa mais de 4% do Valor Bruto da Produção agropecuária nacional, com exportações destinadas a mais de 150 países, o que coloca o Brasil, para muitas nações, como um parceiro estratégico no comércio internacional de alimentos”, pontua Turra.
Projeções para 2025
A ABPA projeta uma produção de 5,45 milhões de toneladas para 2025, número 2% superior ao registrado no ano anterior, com 5,35 milhões de toneladas. A disponibilidade interna da proteína e o consumo devem se manter estáveis, com cerca de quatro milhões de toneladas no mercado interno e o consumo per capita de 19 quilos. Já as exportações da carne suína deverão fechar o ano com 1,45 milhão de toneladas embarcadas, saldo 7,4% superior ao registrado em 2024, com 1,35 milhão de toneladas.
Nas últimas duas décadas, a carne suína brasileira consolidou sua posição no mercado global, ampliando sua participação de 4% para 12% das exportações mundiais. Do total produzido no Brasil, 76,15% é destinado ao mercado interno, enquanto 23,85% segue para o mercado externo. “O setor está cada vez mais atento às exigências do consumidor global, que valoriza a produção sustentável dos alimentos. Dessa forma, os avanços em energia limpa, tecnologia e otimização de recursos não apenas garantem competitividade, mas também posicionam o Brasil como um líder global em produção agroindustrial responsável”, salienta Turra.
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