Depois do excelente desempenho no ano passado, as duas principais cadeias produtivas da indústria da proteína animal em Santa Catarina – a avicultura e a suinocultura – enfrentarão um ano de dificuldades em razão da brutal elevação de custos, da queda de consumo no mercado nacional e do aumento da competição no mercado mundial.
Ao avaliar o cenário atual, o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e diretor do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior, observou que a agroindústria do setor de aves e suínos enfrentará muitos desafios em 2021.
Uma das preocupações mais agudas é o preço exorbitante dos insumos – milho e farelo de soja – para a nutrição animal. A saca (60 kg) de milho está cotada atualmente em mais de R$ 85,00, ou seja, registra 61% de aumento em relação a fevereiro do ano passado.
Aumento maior ainda sofreu a tonelada de farelo de soja, comercializada hoje em R$ 2.750,00, ficando 113% mais cara que 12 meses atrás.
Somado a isso, o cenário 2021 aponta para a manutenção das altas de preço e escassez de produto. Outro item da planilha de custos que afeta as operações nas granjas e nas fábricas é a energia elétrica, que encareceu 70% nos últimos dez anos.
A média de alta prevista para 2021 é de 14,5%.
Aumento nos custos de construção e ou de melhorias nas granjas
Também é preciso dar visibilidade aos aumentos nos custos de construção e ou de melhorias nas granjas de produção de aves e suínos.
Itens como aço, ferro e demais componentes sofreram reajustes elevados nos últimos meses. Isso afeta de imediato os projetos em andamento e compromete as melhorias tecnológicas da produção.
Uma elevação sem precedentes de custos vai impactar a cadeia produtiva e derrubar as otimistas previsões da Associação Brasileira de Proteína Animal.
A ABPA espera 5,5% de aumento na produção nacional de carne de frango para 14,5 milhões de toneladas e 4,4% no aumento do consumo per capita para 47 kg/habitante/ano.
Existem muitas variáveis imprevisíveis que interferirão no mercado da carne neste ano, entre eles, as oscilações cambiais que afetam os preços finais; a manutenção da demanda da China por carnes brasileiras que mantêm aquecido o setor; as reformas estruturais necessárias para restituir a confiança no Brasil dos investidores internacionais e a retomada do crescimento econômico.
Outro fator é a queda de consumo no mercado doméstico em razão do alto desemprego e do fim do auxílio emergencial.
Ações previstas
O presidente José Ribas expôs que há dificuldade em repassar estes custos e, por isso, pode ocorrer redução de produção, o que afetará os preços ao consumidor.
Sugere, para o enfrentamento desse cenário, ações imediatas, no curto prazo, e ações estruturantes no médio e longo prazo.
O setor de aves e suínos cumpre seu papel de manter a produção de alimentos, gerar empregos e cuidar das pessoas.
Entretanto, é preciso atenção, pois a conta de diversas situações alheias a sua atuação acaba sendo paga por este.
É necessário e urgente um olhar do poder público, sob pena de desabastecimento e problemas de descontinuidade em granjas e empresas, com reflexos para o consumidor.
Fonte: MB Comunicação
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