Segundo ele, o volume de produção deve ficar dentro da média. “O diferencial será a qualidade, que promete ficar acima da média. Teremos uvas doces e bonitas. Com menor quantidade de chuva, os parreirais ficaram mais sadios e demandaram menos pulverizações, pois a maioria das doenças da cultura precisa de umidade para se desenvolver e, nesta safra, não encontrou essa condição. O excesso de chuva também faz com que o produtor colha a fruta antes dela atingir o grau de maturação ideal para evitar o apodrecimento dos cachos, e isso também interfere na qualidade”, ressalta o pesquisador.
O pesquisador da Epagri explica que o auge da colheita em Santa Catarina acontece entre janeiro e fevereiro, período em que são colhidas as chamadas uvas de mesa, de variedades mais rústicas e que caracterizam o maior negócio vitivinícola do estado. A principal variedade é a Isabel, seguida da Bordô e da Niágara, que têm a maioria da produção transformada em suco ou vinho de mesa no Meio-Oeste, mais precisamente no Alto Vale do Rio do Peixe, a maior região produtora. Os principais municípios produtores são Videira, Pinheiro Preto, Tangará e Caçador. Os maiores compradores da fruta catarinense são os estados de São Paulo e a região Nordeste.
A cultura envolve cerca de 2,2 mil agricultores familiares e uma área plantada de 3,5 mil hectares. O Alto Vale do Rio do Peixe responde a 60% da produção estadual. “Esses números se referem à produção comercial. Mas é importante ressaltar que o cultivo de uva tem um papel social e cultural muito forte entre os imigrantes italianos, que plantam para autoconsumo, tanto in natura como em vinho, processado em suas propriedades”, diz o pesquisador André.
Segundo a Epagri/Cepa, a viticultura está presente em mais de 73% dos municípios catarinenses. Em Santa Catarina, predomina a produção de vinhos de mesa e sucos, mas nos últimos anos houve incremento na produção de vinhos finos nas regiões de altitude, o que está relacionado à tendência de aumento de consumo de vinhos finos no Brasil. Também está crescendo a produção de vinhos espumantes, o que acompanha a evolução de consumo em todo o País. Verifica-se, ainda, importante aumento na produção de suco de uva.
O avanço da produção comercial de uva em Santa Catarina se deu a partir do trabalho pioneiro da EEV. Como resultado da pesquisa daquela unidade, foram desenvolvidos métodos de como plantar, quais as variedades recomendadas para o estado, qual o manejo correto, como elaborar os vinhos etc, tecnologias repassadas aos agricultores pelas equipes de extensão rural. “Atualmente, três estações experimentais da Epagri desenvolvem pesquisas com uva, cada uma na especialidade da região: Videira, com variedades americanas, híbridas e viníferas, São Joaquim, com a uvas finas de altitude, e Urussanga, com a Goethe”, explica o gerente André.
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