Reajuste salarial de 70,1% dos trabalhadores foi abaixo da inflação.
Correção média foi de 9% em outubro, ou seja, 1,8 ponto percentual abaixo do INPC, que monitora custo de vida das famílias.
A maioria das negociações salariais feitas em outubro não foi positiva para o trabalhador. Dados do Salariômetro divulgados nesta quinta-feira (25) pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostram que 70,1% dessas negociações ficaram abaixo da inflação, ou seja, com perda real. O reajuste recebido pelos profissionais foi, em média, de 9%, o que representa uma defasagem de 1,8 ponto percentual em relação ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado nos últimos 12 meses, de 10,80%.
O INPC verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de um a cinco salários mínimos (de R$ 1,1 mil a R$ 5,5 mil). Esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois tendem a gastar todo o seu rendimento em itens básicos, como alimentação, medicamentos, transporte etc.
O Salariômetro também aponta a proporção de reajustes abaixo, igual ou acima do INPC no mês, no ano e nos últimos 12 meses:
• Abaixo do INPC: 70,1% (mês), 51,5% (ano) e 47,8% (nos últimos 12 meses);
• Igual ao INPC: 17,5% (mês), 28,0% (ano) e 30,5% (nos últimos 12 meses); e
• Acima do INPC: 12,4% (mês), 20,4% (ano) e 21,6% (nos últimos 12 meses).
Ou seja, em outubro, apenas 17,5% das negociações salariais garantiram a reposição da inflação e 12,4% proporcionaram ganho real ao trabalhador (reposição da inflação mais um percentual de aumento excedente).
Na comparação entre os setores, somente os da construção civil, papel, papelão, celulose e embalagens, fiação e tecelagem, energia elétrica e utilidade pública optaram por manter o poder de compra de seus profissionais, ou seja, deram o reajuste equivalente à inflação. Os segmentos de extração e refino de petróleo (-8,8%) e publicidade e propaganda (-8,4%), por sua vez, proporcionaram as maiores perdas.
Perdas nos acordos coletivos foi maior
Quando se fala em acordos coletivos, a perda real foi ainda maior. Enquanto o reajuste médio foi de 8% em outubro, o INPC foi de 10,80%, como citado acima, ou seja, perda real de 2,8 ponto percentual. Com as negociações, o piso médio ficou em R$ 1.478 (mês), R$ 1.404 (ano) e R$ 1.405 (acumulado nos últimos 12 meses). Ao todo, o país contabilizou 193 negociações coletivas em outubro. São Paulo liderou os acordos, com 72 duas das negociações, seguido por Minas Gerais (49) e Santa Catarina (16).
O acompanhamento das negociações coletivas é realizado por meio dos acordos e convenções que constam na página Mediador, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A Fipe coleta os dados e informações disponíveis no Mediador, tabulando e organizando os valores observados para 40 resultados da negociação coletiva, desagregados em acordos e convenções e também por atividade econômica e setores econômicos.
Fonte: Correio do Povo
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