A estiagem que atinge Santa Catarina desde metade do ano passado deve causar perdas de R$ 386 milhões somente na soja, milho, feijão e leite. Como não há uma estimativa oficial de valores até o momento, o cálculo foi baseado em informações de perdas fornecidas pela Epagri e pelo Sindicato das Indústrias de Laticínios e Derivados de Santa Catarina (Sindileite/SC).
De acordo com o doutor em Agronomia do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa), da Epagri, Haroldo Tavares Elias, haverá uma redução de 9,9% na safra de milho, que passará de 2,791 milhões de toneladas na safra de 2018/2018 para 2,515 milhões de toneladas na safra 2019/2020, numa redução de 276 mil toneladas contando apenas primeira safra. Isso representaria 4,6 milhões de sacas que, se fossem comercializadas a R$ 43,00, representariam R$ 197,8 milhões. Isso sem contar as perdas na safrinha, que não é muito volumosa e normalmente representam cerca de 100 mil toneladas, nem as perdas na silagem.
Na soja a redução prevista no Boletim Agropecuário divulgado na sexta-feira, é de 4,4%, chegando a uma produção de 2,332 milhões de toneladas, contra 2,440 milhões de toneladas do ano passado. Isso representa uma redução de 108 mil toneladas, ou seja, 1,8 milhão de sacas que, comercializadas a R$ 86,00, representariam R$ 154,8 milhões.Nesse cálculo não foi levado em conta a variação de área pois a área de milho, que caiu 2%, foi praticamente para a soja, que aumentou 1,5%.
A pesquisadora Gláucia Padrão, do Cepa/Epagri disse que a safrinha de soja terá uma perda mais significativa. Além disso o feijão terá quase 6,6% de perda, chegando a 96 mil toneladas. Isso representa uma queda de cerca de seis mil toneladas ou 100 mil sacas numa safra de 96 mil toneladas. Com o preço de R$ 186,00 a saca a perda chega a R$ 18,6 milhões.Leite tem perdas de R$ 500 mil por dia
No leite além da perda de 20% da entressafra, o Sindileite estima uma quebra de 5% com a estiagem. Como o volume de produção e Santa Catarina é de sete milhões de litros por dia, isso representaria 350 mil litros por dia, segundo presidente do Sindileite, Valter Brandalise. Com o leite a uma média de R$ 1,43 ao produtor, o prejuízo é de R$ 500 mil por dia ou, em 30 dias, cerca de R$ 15 milhões.
Brandalise disse que as perdas mais significativas começaram há cerca de um mês, quando a estiagem se agravou, as pastagens secaram e as novas pastagens não puderam ser implantadas.- Acredito que o impacto vai ser ainda maior daqui para diante, pois não há previsão de chuva, as pastagens atrasaram, a silagem foi afetada e o custo do milho e da soja está muito alto – disse Brandalise.
O vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, avalia que o impacto é diferente nas várias regiões do estado.- Tem gente que tem perdas significativas mas tem gente que bateu recorde de produção. Em Xanxerê, Abelardo Luz, tem gente colhendo 80 sacas de soja por hectare. A estiagem pegou a região mais próxima do Rio Grande do Sul, a região de Campos Novos, e a safrinha. Além disso os preços estão muito bons no milho e na soja. Muitos produtores não vão ter prejuízo, mas vão deixar de ganhar. Quem está sentindo mais é o produtor de leite – disse Barbieri.
Ele estima que a quebra pode chegar até 15% no milho e na soja. Mesmo assim acredita que o Valor Bruto da Produção vai ser 10% maior do que os R$ 6,7 bilhões do ano passado, isso nas lavouras de grãos, devido aos preços mais altos.
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