Com o avanço da vacinação contra a covid-19, o Ministério da Saúde informou, nesta quarta-feira (6), que está fazendo um estudo para avaliar a flexibilização do uso de máscaras no Brasil. Algumas cidades, como Florianópolis, em Santa Catarina, já estão planejando desobrigar o acessório em locais abertos. Em nota encaminhada a GZH, o Ministério da Saúde disse que o estudo ainda está em andamento, e que foi solicitada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) a revisão sistemática dessa pesquisa. A pasta não informou quando o documento deve ficar pronto, nem se há previsão para que o uso de máscaras seja flexibilizado.
A decisão da prefeitura de Florianópolis é de aguardar até que 80% da população esteja com o esquema vacinal completo para permitir a circulação sem o acessório nos locais abertos da cidade. A previsão é de que essa porcentagem seja atingida daqui a um mês e meio — hoje, o índice de devidamente imunizados é de 62%.Na avaliação da médica infectologista Caroline Deutschendorf, coordenadora da Comissão de Controle de Infecções do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, desobrigar as pessoas de usarem a máscara em ambientes abertos é um passo que já pode ser considerado.
— No momento de arrefecimento dos casos de contágio, em que a gente já tem grande parte da população vacinada, realmente poderíamos considerar o abandono na máscara onde não há aglomeração — diz.Professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a infectologista Raquel Stucchi tem uma interpretação diferente. Na opinião dela, a flexibilização do uso de máscaras só pode ser discutida quando Estados e municípios tiverem 80% da população devidamente protegida inclusive com as doses adicionais, caso da terceira dose para idosos, imunossuprimidos e profissionais da saúde.
Segundo Raquel, a população idosa que ainda não tomou a dose de reforço pode ser muito prejudicada com a retirada das máscaras, já que a maioria foi vacinada no início do ano com CoronaVac, vacina que não alcança alto índice de eficácia nos mais velhos, de acordo com estudos.— Esses vacinados em janeiro ou fevereiro não estão mais devidamente protegidos. Para pensar em tirar a máscara, precisamos ter 80% da população devidamente protegida e uma baixa ocupação hospitalar, além de baixa mortalidade — defende a especialista.
Raquel acrescenta que a variante Delta, a de maior circulação hoje no Brasil, é capaz de ser transmitida mesmo em locais abertos e arejados, e lembra que eventos cotidianos que não são considerados aglomeração a céu aberto também reúnem grandes quantidades de pessoas:
— Andar na Avenida Paulista, em São Paulo, ficar no ponto do ônibus, é aglomeração? Acho essa medida precipitada, arriscada.Com atuais 70% de pessoas devidamente imunizadas, porcentagem pouco maior que Florianópolis, Porto Alegre informou que a discussão sobre a flexibilização do uso da máscara ainda não está na pauta, e que o foco no momento é avançar na vacinação contra a covid-19.
Segundo a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento ao Coronavírus, o acessório é um protocolo obrigatório previsto no Sistema 3As de Monitoramento do governo do Estado, e que a Capital não pode alterar e nem ser mais permissiva que o Estado em suas regras de controle da pandemia.Por sua vez, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) disse que não há qualquer intenção, no momento, de flexibilizar o uso de máscaras em locais públicos no Rio Grande do Sul, Estado que conta com 66% da população adulta com as duas doses ou a vacina de dose única.
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