A notícia do pedido de demissão do delegado Akira Sato, que havia assumido há apenas duas semanas o cargo de Delegado Geral da Polícia Civil de Santa Catarina, movimentou a política catarinense no fim da tarde desta sexta-feira (1/10).
As razões da saída não foram divulgadas oficialmente pelo Governo do Estado. No entanto, pessoas ligadas ao agora ex-delegado geral da Polícia Civil de SC relataram que houve uma reunião em que estavam presentes integrantes do primeiro escalão do governo.
Nesta reunião, o delegado Akira teria recebido o pedido para que afastasse os delegados da Deic (Diretoria Estadual de Investigações Criminais) envolvidos em uma investigação de suposta fraude.Um dos delegados que seriam “afastados se o pedido fosse atendido” seria Rodrigo R. Schneider, coordenador estadual das Delegacias Especializadas no Combate à Corrupção da Polícia Civil de Santa Catarina. Rodrigo estava à frente das investigações da suposta corrupção.
Akira Sato teria respondido que não compactuava com o pedido e o teria classificado como coação. Teria frisado, ainda, que a Polícia Civil não iria abafar um caso de corrupção.A suposta fraude
Em dezembro de 2019, a SCPar Porto de São Francisco do Sul contratou a empresa Iorsec (que mais tarde passou a se chamar Ceon Tecnologia & Inteligência Ltda) para desenvolvimento e implantação de software para acompanhamento de indicadores e avaliação de desempenho pelo valor de R$ 486.000,00, por inexigibilidade de licitação, ou seja, sem licitação, o que não se justifica.E, o mais grave, o sistema era usada apenas parcialmente. Não era alimentado com dados por todos os setores. Algumas áreas nunca fizeram uso do sistema.
Inclusive, no dia 11/12/2020, a própria SCPar Porto de SFS informou que cancelou o contrato com a Ceon.Quem assume no lugar?
Com o pedido de demissão de Akira, o delegado Marcos Ghizzoni Júnior, com larga experiência no cargo, foi convidado a assumir a cadeira de delegado geral da Polícia Civil de SC. Porém, também não teria aceitado por não aceitar o pedido de afastamento de delegados da Deic que investigam as supostas fraudes.Equipes da Polícia Civil receberam a informação com espanto, atordoados com duas mudanças seguidas no comando da Polícia Civil de SC, mas apoiam totalmente a decisão e a postura de Akira.
Agora, outro delegado cotado para a vaga e, inclusive já convidado, foi Rafaelo Ross, que atua na coordenação da Delegacia de Investigação Criminal de Joinville (DIC).Segundo fontes dentro da própria Polícia Civil, Ross já teria aceitado o convite e está aguardando a publicação no Diário Oficial, o que pode ocorrer ainda nesta sexta-feira à noite.
A reportagem do Portal ND+ entrou em contato com o delegado Akira Sato, mas não recebeu retorno até o fechamento desta matéria.
O governo do Estado também foi procurado pela reportagem, mas disse que não há nada oficial ainda sobre a saída de Akira.
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