O governo federal anunciou na tarde desta quarta-feira-feira (29) o novo Plano Safra para o período 2022/2023. Com R$ 340,88 bilhões para o financiamento do setor agropecuário, os recursos são 36% superiores aos recursos do ciclo passado.
— É o plano mais robusto da história — definiu Guilherme Bastos Filho, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, ao afirmar que o desenho do programa foi um trabalho intenso entre equipes.
O montante total prevê R$ 246,28 bilhões para custeio e comercialização e R$ 94,6 bilhões para investimentos. O volume dos juros controlados será de R$ 195,7 bilhões. O percentual é 18% superior ao do ano passado.A agricultura familiar, por meio do Pronaf, terá R$ 53,61 bilhões – também o maior volume da história. O incremento é de 36% sobre os valores de 2021/2022. Os juros, antes de 3% e 4,5% ao ano, foram elevados para 5% e 6% ao ano.
Os médios produtores, via Pronamp, contarão com R$ 43,75 bilhões, com juros de 8% ao ano, também superiores aos 5,5% ao ano do ciclo passado.Já os demais produtores contam com R$ 243,52 bilhões e taxa anual de 12% ano – ante 7,5% ao ano no último Plano Safra.
Ao apresentar as cifras, Bastos destacou que os juros aplicados no plano são todos abaixo da taxa básica, a Selic, que serve de referência para o crédito.Definida às vésperas da virada do novo ano safra, que se inicia na sexta-feira (1º), a costura do programa hoje lançado foi marcada por incertezas, principalmente em relação à capacidade orçamentária para garantir o volume de recursos aportados. O aumento da Selic também pesou na definição. O ciclo 2021/2022 chegou a ter linhas suspensas devido ao esgotamento de recursos.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, destacou que o montante é adequado ao momento que o setor enfrenta, de altos custos de produção e dificuldades de abastecimento por produtos que vêm do Exterior.— Com esse plano, temos tudo para atingir uma meta de 300 milhões de toneladas de grãos na próxima safra. Por isso, este é um momento de esperança — afirmou Montes.
O evento de lançamento ocorreu no Salão Nobre do Palácio do Planalto, com a presença presidente Jair Bolsonaro e autoridades como o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães.Recursos dentro do esperado
O anúncio veio em linha das expectativas do setor, mas, para a parcela de produtores de menor porte, como da agricultura familiar, há receio de que os recursos não sejam suficientes diante do aumento de custos. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, demonstrou preocupação com o volume anunciado.— Quando olhamos os números, eles são ótimos. Mas continuamos dizendo que seguirão insuficientes. O custo de produção aumentou em média 45% e já faltou recurso nesta safra. Embora seja considerável e positivo, alertamos que é insuficiente para atender à demanda — diz Joel.
O dirigente ainda cobrou a ausência de informações importantes durante o anúncio, como a que se refere ao montando direcionado para equalizações de juros, por exemplo.
— Se não vier um montante considerável, não adianta ter recurso robusto se não puder equalizar — criticou o presidente da Fetag-RS.Economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz avaliou o anúncio como um bom plano e adequado às condições do país, contanto que não haja suspensões por esgotamento de recursos, como o que ocorreu este ano durante quatro meses. E chamou atenção para um movimento que leva à busca por financiamentos alternativos no mercado.
— É coerente com um processo que vem acontecendo há vários anos, que é uma participação menor do governo no crédito rural brasileiro. Tanto é que os recursos controlados cresceram 18% e os recursos livres, 69% — destacou Luz.
Como ponto positivo do novo plano, o economista citou os R$ 2 bilhões alocados para a subvenção do seguro rural.— O seguro se demonstrou muito útil neste ano de estiagem aqui no Estado, e existia uma dúvida quanto ao compromisso do governo em continuar apostando no seguro rural, então, essa foi realmente uma notícia muito positiva — afirmou.
Plano Safra 2022/2023Plano Safra 2022/2023: R$ 246,28 bilhões
Médios Agricultores (Pronamp): R$ 43,75 bilhões (taxa de 8% ao ano)
Pequenos Agricultores (Pronaf): R$ 53,61 bilhões (taxa de 5% a 6% ao ano)
Demais Produtores e Cooperativas: R$ 243,52 bilhões (taxas de 12% ao ano)
Comentários