Um estudo publicado nesta sexta-feira (30) mostrou que é possível frear a progressão de certos tipos de câncer de mama com a descoberta precoce da mutação genética no centro dos tumores e, a partir disso, adaptar o tratamento.
O relatório, publicado no Lancet Oncology, uma das principais revistas sobre o câncer, é o primeiro do tipo "a mostrar um benefício clínico significativo depois de, anteriormente, direcionar a mutação bESR1", resumem os autores.
Em um câncer de mama, as células do tumor evoluem com o tempo e, dependendo de certas mutações, podem se tornar resistentes aos tratamentos utilizados.Os autores desse estudo, organizado em dezenas de hospitais franceses pelo oncologista François Clément Bidard, avaliaram que é importante detectar a mutação bESR1 a tempo e agir em conformidade.
Para detectar essa mutação, utilizaram uma técnica que vem sendo promissora nos últimos anos dentro dos estudos de câncer: a "biópsia líquida".Diferentemente da biópsia clássica, uma operação potencialmente complexa e com consequências para a paciente, o objetivo é estudar o conteúdo dos tumores sem precisar extrair tecido da própria mama.
Em seu lugar, basta uma simples coleta de sangue. O sangue das pacientes contém uma pequena parte do DNA vindo das células cancerígenas. Isso torna cada vez mais fácil isolar e estudar a doença.
Formaram-se dois grupos de aproximadamente 80 pacientes com essa mutação. Uma parte seguiu recebendo o tratamento original, já a outra mudou para o medicamento fulvestrant.No segundo grupo, a progressão do câncer foi interrompida por uma duração média maior, por vários meses.
Além da mutação única do bESR1, os autores consideram que o uso da biópsia líquida e a rápida troca de tratamento poderia servir de modelo para futuras estratégias terapêuticas.No entanto, esse estudo tem várias limitações. Em primeiro lugar, não avalia se essa mudança de tratamento realmente melhora a sobrevivência da paciente. Por outro lado, a pesquisa só examina um tipo específico de câncer de mama, no qual o tumor é receptivo ao estrogênio.
Essa condição é a que permite o funcionamento dos tratamentos hormonais utilizados no estudo. Isso não inclui, por exemplo, os chamados cânceres "triplo negativos", que são os mais mortais porque são os mais difíceis de tratar.
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