Um estudo do Projeto Adolescentes Mães concluiu que 20% das adolescentes não têm conhecimento sobre métodos para evitar a gravidez. O projeto é liderado pelo Hospital Moinhos de Vento, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde. O levantamento coletou dados de 1.177 mulheres provenientes de cinco regiões do país.
“Estudos escolares indicam um déficit de conhecimento entre adolescentes sobre temas, especialmente a anatomia e fisiologia dos órgãos reprodutores. Durante práticas educativas, os métodos mais abordados foram a camisinha masculina e a pílula anticoncepcional. Jogos educativos, como memória, dominó e quiz, devem integrar programas de educação sexual regulares nas escolas”, enfatiza.
"Omitir-se a conversar com sobre anticoncepção ou oferecê-la nas situações necessárias pode ser considerado uma violação do direito da adolescente, pois ela deve sempre ser informada sobre os cuidados disponíveis para sua segurança”, alerta o especialista.
A Sociedade de Pediatria Brasileira (SBP), em parceria com a Febrasgo, elaborou um documento que destaca que a prescrição de métodos anticoncepcionais deve levar em conta a solicitação dos adolescentes, respeitando os critérios médicos de elegibilidade, independentemente da idade. A orientação contraceptiva envolvendo métodos de curta duração, como contraceptivos orais, geralmente é realizada sem problemas seguindo esses preceitos.
“A recomendação para prevenção requer políticas de saúde governamentais, acesso a métodos contraceptivos, com fornecimento gratuito e capacitar médicos para o atendimento a adolescentes. Não podemos pensar apenas na semana e sim dedicar todos os dias no atendimento qualificado a adolescentes, com ferramentas efetivas que contribuam para redução da taxa de gravidez”, destaca o médico.
Definida como o período etário compreendido entre 10 e 19 anos completos, a adolescência representa uma fase do desenvolvimento que assinala a transição da infância para a vida adulta. Essa etapa é também marcada por especificidades emocionais e comportamentais que refletem na saúde sexual e reprodutiva, tornando os adolescentes mais vulneráveis aos mesmos riscos aos quais muitos adultos estão expostos.
No contexto dessas mudanças de vida, a transição do pediatra para o ginecologista é uma análise individual. A conscientização da família sobre essa realidade é fundamental, pois ainda persiste a associação entre o início das visitas periódicas ao ginecologista e o início da atividade sexual, entendimento que vai contra a prevenção da gravidez na adolescência.
Esses riscos estão relacionados à idade da adolescente (maior risco em meninas com menos de 15 anos), ao nível socioeconômico (maior risco em contextos mais desfavorecidos e com menor rede de suporte), ao acesso aos serviços de saúde e à condição de saúde (podendo haver doenças que impossibilitem o uso de alguns métodos).
A contracepção hormonal tem ações tanto contraceptivas quanto não contraceptivas, sendo este último representado pelo método anticoncepcional mais utilizado em todo o mundo. Estima-se que 100 milhões de mulheres utilizem esse método, caracterizado por sua elevada eficácia.
Os principais efeitos, em ordem de importância, incluem náuseas, sangramento inesperado, mastalgia, cefaleia, ganho de peso e acne. Quanto aos efeitos benéficos não contraceptivos, dependendo do tipo de contracepção hormonal, destacam-se o controle de sintomas nos casos de Síndrome dos Ovários Policísticos, redução dos sintomas de TPM, controle clínico da dismenorreia, tratamento de endometriose, redução do fluxo menstrual e regularização do ciclo menstrual.
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