Um relatório divulgado pela OMM (Organização Mundial de Meteorologia) na semana passada gerou mais um alerta sobre a possibilidade de níveis recordes de temperaturas globais nos próximos cinco anos. O efeito seria sentido em diversas regiões do planeta com ondas intensas de calor, alimentadas por gases de efeito estufa e o evento natural do El Niño.
Para compreender melhor como um fenômeno desta magnitude poderia afetar a vida no planeta Terra e em Santa Catarina, o ND+ conversou com a professora e pesquisadora sobre clima do Departamento de Oceanografia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Regina Rodrigues.
A professora explica que “existem mais de 70 boias meteoceanográficas distribuídas no Pacífico Tropical para monitorar esse fenômeno. E essas boias já mostram o aquecimento do Pacífico Tropical, principalmente em subsuperfície”, afirma.
Efeitos do El Niño em escala global e áreas mais suscetíveis
“Além disso, essa elevação da temperatura da superfície do Pacífico Tropical acaba levando a um aumento da temperatura global da Terra. E acredita-se que com o estabelecimento deste El Niño no final do ano, a temperatura global da Terra subirá mais de 1,5°C pela primeira vez na sua história recente”.
“Acima disso, os cientistas preveem que o clima ficará muito instável com muitos extremos e perigoso para nossa sobrevivência. É verdade que isso provavelmente será temporário. Mas será a primeira vez que tocaremos nesse limite”, diz a especialista.
Possíveis impactos climáticos em Santa Catarina
“Por exemplo, as enchentes de 1983 no Vale do Itajaí Açu foram causadas pelo El Niño daquele ano. Em termos de temperatura, a tendência é ficar mais quente no Sudeste e Centro-Oeste, podendo pegar parte de Santa Catarina”, afirma Rodrigues.
Outro ponto importante é que talvez esse aumento na temperatura global cause uma incidência maior de outros extremos, como ventos fortes, tempestades e ciclones. Mas como será a primeira vez, não se sabe ao certo o que esperar neste ano.
Medidas de adaptação recomendadas
“Por exemplo, preparar a Defesa Civil para possíveis enchentes, deslizamentos de terra nas áreas vulneráveis, etc. O aumento da temperatura pode causar uma incidência maior de doenças transmitidas por mosquitos, como dengue e febre amarela, que já estão ocorrendo agora”.
Ao ser perguntada sobre como se preparar para os efeitos do fenômeno, a professora explica que devemos seguir as decisões da Defesa Civil caso seja necessário evacuar lugares com perigo de deslizamento e alagamento, ou da Vigilância Sanitária em relação à saúde.
Por fim, a pesquisadora acrescenta ainda que, depois de deixar esses ambientes naturais de proteção serem destruídos e colocar moradias, fica difícil a população mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
ND+
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