O Ibovespa recuava nesta sexta-feira (25), após forte alta na véspera, com o impacto da fala de Fernando Haddad, cotado para ser ministro da Fazenda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que participou de evento da Febraban (Federação Brasileira dos Banco). Mercado reagiu com as incertezas relacionadas ao rumo fiscal no país e à equipe ministerial do novo governo.
Durante sua fala de Haddad, o dólar acelerou alta contra o real e o movimento se acentuou na sequência do discurso, com a moeda norte-americana chegando a atingir R$ 5,40, com valorização de 1,69%.
Enquanto Lula segue de repouso após ter sido submetido a um procedimento médico nas cordas vocais no início da semana, Haddad subiu ao palco do evento da Febraban logo após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertar que não se pode ter a política monetária de um lado e a fiscal do outro.
Com o mercado financeiro tendo reagido mal recentemente a falas de Lula em que defendeu a responsabilidade social à frente da responsabilidade fiscal, e com incertezas sobre a chamada PEC do Estouro, que prevê retirar do teto de gastos todo o custo do programa Bolsa Família, Haddad não mencionou qualquer mecanismo de controle de gastos e tampouco abordou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
"O compromisso do presidente com a agenda de realizar em 2023 a reforma tributária, e conta com apoio da sociedade, inclusive do setor bancário, para que a gente tenha êxito no ano que vem em fazer uma reforma que é essencial e estrutural", afirmou.
"Recentemente alguns artigos de jornal de economistas que tem o apreço dessa audiência registraram que o teto de gastos, embora seja reputado como aquele que garantiu que a inflação não voltasse com a força que poderia, não conseguiu inibir a piora da qualidade do gasto público", disse o petista.
"Temos que melhorar muito a qualidade do gasto com choque de gestão de programas que precisam ser recuperados e outros que precisam ser inteiramente reformualdos para que atenda os objetivos que o próprio programa propõe atingir", disse.
Ele também fez menção ao "Orçamento secreto", afirmando que o Congresso "deve e pode" participar da gestão do Orçamento no direcionamento de recursos, mas alertando que isso não significa se descomprometer com a transparência e eficiência do gasto público.
Falando diante da cúpula do sistema bancário nacional, Haddad defendeu que seja ofertado crédito mais acessível e racional, com spread menores, afirmando que a adimplência das famílias é um "pilar de sustentação" do desenvolvimento econômico do país.
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