Copom eleva taxa Selic para 12,75%, o maior patamar em cinco anos.

É a décima elevação consecutiva de uma série iniciada em março de 2021, em nova tentativa do BC para conter a inflação.

Copom eleva taxa Selic para 12,75%, o maior patamar em cinco anos.
Em mais uma tentativa para barrar a escalada da inflação, a taxa básica de juros do país, a Selic, voltou a subir mais um ponto nesta quarta-feira (4). O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, decidiu elevar o percentual de 11,75% para 12,75% ao ano no fim desta tarde.
Com isso, os juros básicos atingiram o maior patamar desde fevereiro de 2017, quando a taxa estava em 13%. É a décima alta consecutiva neste ciclo de aperto monetário, que começou em março de 2021, com a Selic na mínima histórica de 2%, acumulando 10,75 pontos de ajuste.
O choque de juros deste ciclo já é o maior desde 1999, quando em meio à crise cambial, o BC aumentou a Selic em 20 pontos percentuais de uma vez só.
Nesta quarta também o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, elevou a taxa básica de juros para o intervalo entre 0,75% e 1%, uma alta de 0,5 ponto percentual, justificando o salto da inflação no país. O Fed não fazia um aumento dessa magnitude desde maio de 2000.
O Copom afirmou que a decisão tem o objetivo de conter a inflação, atualmente a caminho de fechar 2022 acima do teto da meta pelo segundo ano consecutivo. 
Assim, a elevação da taxa de juros funciona como o instrumento de política monetária mais utilizado para reduzir os preços. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento pelas famílias.
Após a decisão desta quarta, as expectativas do mercado financeiro apontam ainda para uma última alta de 0,5 ponto percentual da Selic no encontro de junho, para o patamar de 13,25% ao ano. 
Há, no entanto, instituições que já avaliam a possibilidade de os juros saltarem a 14,25% ao ano até dezembro, conforme as perspectivas apresentadas pelos analistas financeiros ao BC. O patamar das previsões mais pessimistas foi visto pela última vez em outubro de 2016, após vigorar por mais de um ano.
"Com a decisão de hoje, o patamar da taxa de juros atinge um nível de contracionismo real, ou seja, que pode conseguir bater mais forte na inflação. Se o índice se mantiver no mesmo nível daqui para fente, se não estressar ainda mais, esse patamar de taxa de juros começa a ser mais contundente e mais efetivo para a queda da taxa de inflação", afirma o economista Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos. 
O impacto da Selic
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
 
 
 
 
Fonte: Correio do Povo
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