O Inter de Abel Braga, enfim, engrenou. Depois de um início ruim sob novo comando, com uma mudança abrupta de modelo de jogo, o time colorado engatou cinco vitórias seguidas e já é vice-líder do Campeonato Brasileiro. Mas, afinal, o que levou à melhora da equipe? Repasso a pergunta para Sérgio Xavier Filho, comentarista dos canais SporTV.
— É um conjunto de fatores. Tem a parte tática, o momento técnico de alguns jogadores, mas ainda acho que o principal é a questão do luto. No momento em que sai o Coudet com o time disputando dois mata-matas e em primeiro no Brasileiro, é como se tivesse morrido alguém. Os jogadores sentiram e o time desarticulou-se a ponto de perder duas copas. O grande papel do Abel foi fazer que esse luto passasse. Ele teve o papel de tranquilizar todo mundo — avalia o jornalista.
A ideia de que Abel Braga foi fundamental na recuperação anímica do Inter é compartilhada por Marcelo De Bona. O apresentador e narrador da Rádio Gaúcha complementa, porém, que algumas trocas de peças feitas pelo técnico tiveram papel fundamental na melhora do time.
— A retomada da confiança foi o maior mérito de Abel Braga. Foi ela quem devolveu ao Inter uma maior competitividade e de carona trouxe bom futebol. Mas é preciso destacar algumas mudanças também. A descoberta de Caio Vidal deu mais verticalidade ao time. E Rodrigo Moledo, claro, o principal avalista da recuperação colorada — destaca De Bona, que narrou a vitória por 2 a 0 sobre o Ceará, na quinta-feira (7).
No aspecto tático, o time foi se ajustando às mudanças de Eduardo Coudet para Abel Braga. Com o técnico argentino, a equipe colorada jogava com dois atacantes, sem a figuras dos extremas pelas pontas, além de linhas mais adiantadas, pressionando a saída de bola dos adversários. Já com o atual treinador, o Inter joga com um centroavante e dois atletas abertos, além de ter uma postura mais recuada, buscando fechar os espaços e partir em contra-ataques rápidos.
— É basicamente outro time. Como se o Inter tivesse formado duas equipes diferentes ao longo de uma temporada, uma pelo Coudet e outra pelo Abel. Não tem melhor ou pior, só que são diferentes. Os trabalhos recentes ruins do Abel no Flamengo, no Cruzeiro e no Vasco fizeram muita gente esquecer que ele é campeão do mundo, que ele já fez bons trabalhos — lembra o analista tático Leonardo Miranda, do ge.globo.
O jornalista, colunista do blog Painel Tático, salienta que Abel conseguiu, rapidamente, implementar a sua ideia no Inter. Ainda que o início tenha sido ruim, com más atuações, a recuperação foi rápida e a equipe encontrou soluções importantes, como o posicionamento de Patrick e as entradas de Rodrigo Dourado e Rodrigo Moledo, que encaixam com o modelo de jogo proposto pelo novo comandante colorado.
— É uma combinação de modelo com característica. O Inter do Abel é reativo, começa a marcar a partir do meio-campo e aproveita os espaços para fazer uma transição em velocidade. Nesta ideia, o Patrick, que é um jogador que rouba a bola e ultrapassa a linha, dá opções, tornou-se o principal destaque do time. Antes, com o Coudet, os zagueiros não saíam muito do lugar. Agora, com Abel, eles têm liberdade para dar o bote, saíram à caça. Esse modelo encaixa mais com o Moledo e com o Dourado, que têm características de marcação forte, agressiva, de dar o bote e acompanhar os atacantes — explica Miranda.
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