Os casos de infecção pelo vírus HIV dobraram em Santa Catarina entre 2013 e 2023. De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), o Estado registrou 2.492 novos casos em 2023, mais que o dobro registrado há 10 anos, quando foram 1.222. Ou seja, em uma década, houve um aumento de 103,9% no número de diagnósticos. No total, 25.174 pessoas estão infectadas com vírus em Santa Catarina.
As infecções estão concentradas em adultos, com idade entre 20 e 39 anos, do sexo masculino. Ainda de acordo com a Dive, o aumento de infecções ocorreu em todas as regiões do Estado. Em 2023, a Grande Florianópolis concentrou o maior número de novos casos, com o registro de 817. Em 2013, foram 338.
Logo em seguida aparecem a Foz do Rio Itajaí, com 465 novos casos em 2023. O Norte do Estado aparece em terceiro lugar, com 226 casos no último ano.
A Dive informou, ainda, que houve um crescimento de 12,7% nos números de pessoas diagnosticadas entre os anos de 2021 e 2023. Em 2021 foram 1.112 diagnósticos, número que subiu para 1.231, em 2022 e 1.254, em 2023.
Queda no número de mortes
No entanto, as mortes em decorrência da doença apresentaram uma queda de 21,8%. No ano passado foram 400 mortes, enquanto em 2021 e 2022 foram 512 e 460, respectivamente.
O epidemiologista molecular e filogenista do HIV, Aguinaldo Roberto Pinto, afirma que uma explicação para o aumento dos números em diagnósticos é que as tecnologias para detecção estão melhores e mais eficientes. Mas ele ainda ressalta a queda no número de pessoas com Aids e afirma que isso é um fenômeno presente em todo Brasil.
— Além do número de casos de Aids terem caído, o número de pessoas que morrem em decorrência da doença tem diminuído ao longo dos últimos anos. Isso é em razão do tratamento muito eficiente para HIV com os os antirretrovirais. Se a pessoa segue o tratamento corretamente, ela vai ter uma qualidade de vida muito boa. Porque hoje em dia com esses tratamentos, a Aids, a infecção pelo HIV, se tornaram uma doença crônica tratável, assim como a diabetes, a hipertensão — afirma o especialista.
Qual a diferença entre Aids e HIV
De acordo com o Ministério da Saúde, o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, em inglês) é o vírus que causa a infecção, do tipo retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. A Aids é uma Infecção Sexualmente Transmissível causada pelo vírus HIV.
O vírus tem um período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença. Ele infecta as células do sangue e do sistema nervoso, e causa supressão do sistema imune.
— Quando a gente diz que a pessoa tem HIV, ela está infectada pelo vírus, mas quando ela tem Aids, ela está manifestando doença. Então, de forma exemplificada, todo mundo que tem Aids tem HIV, mas nem todo mundo que tem HIV tem Aids — explica o epidemiologista Aguinaldo.
O Ministério da Saúde ressalta que pessoas que convivem com HIV e/ou Aids, que não estão em tratamento ou mantém a carga viral detectável, podem transmitir o vírus a outras pessoas por meio de relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, quando as devidas medidas de prevenção não são tomadas. Por isso, é sempre importante fazer o teste e se proteger em todas as situações.
Prevenção e tratamento
O Sistema Único de Saúde também disponibiliza, para as populações de risco, a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP). É um método que consiste no uso de antirretrovirais (ARV), que são utilizados antes da exposição, para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV.
O tratamento para a infecção é feito com um combinado de ARV, que ajuda a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente esses medicamentos a todas as pessoas que convivem com o vírus e que necessitam de tratamento.
— Os medicamentos atuam no círculo de replicação do HIV nas células, bloqueando as etapas de multiplicação desse vírus. E o atual tratamento no Brasil é feito com apenas um único comprimido por dia, o que já é muito diferente do que foi antigamente, em que as pessoas tomavam diversos comprimidos. Então essa mudança facilitou a adesão das pessoas ao tratamento — afirma o especialista Aguinaldo Roberto.
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