No Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), em Florianópolis, foram 1.221 atendimentos a pacientes com câncer de colo do útero em 2023. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que o Brasil deva registrar 17.010 novos casos da doença em 2024, sendo 880 só em Santa Catarina.
— O câncer do colo do útero pode ser evitado através da vacinação contra o HPV, o principal causador desse tipo de câncer. Disponível gratuitamente nas UBS conforme orientação do Ministério da Saúde, a vacina previne a infecção por HPV, bem como as complicações e os cânceres causados por esse vírus — afirma a gerente técnica do Cepon, Mary Anne Taves.
O HPV tem mais de 200 tipos, sendo que 13 são cancerígenos. Os vírus dos tipos 16 e 18 são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero, segundo informações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) de Santa Catarina.
— Essas mutações podem ser adquiridas ao longo da vida, quando as pessoas são expostas a fatores externos que causam a mutação e geram o câncer, ou podem ocorrer de forma hereditária, sendo passadas pelo material genético dos pais biológicos. No colo do útero, isso também ocorre.
Em outras situações, as lesões causadas por infecção pelo HPV podem evoluir para o câncer, mas dependem do subtipo do vírus e outros fatores de risco, como pacientes imunossuprimidas, fumantes, com comorbidades, com múltiplos parceiros sexuais e que não usam camisinha, sendo mais propensos a terem persistência da infecção pelo HPV e, portanto, maior risco de desenvolverem o câncer de colo uterino.
A primeira fase do câncer para a maioria dos pacientes é assintomática. Os primeiros sintomas começam a aparecer conforme a localização e extensão da doença. Entre alguns sinais que podem aparecer estão: corrimento vaginal amarelado e com odor desagradável, até mesmo com sangue; dores na região do baixo ventre e sangramento após relação sexual são alguns sintomas.
A prevenção está diretamente relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV, que ocorre quando há contato direto com pele ou mucosa infectada. A via sexual é a principal forma de transmissão do vírus, por isso o uso de preservativo é a principal forma de se prevenir.
Meninas e meninos de 9 a 14 anos, em duas doses, com intervalo de seis meses entre a primeira e segunda doses.
Adolescentes que receberam a primeira dose da vacina nas idades recomendadas, mas ultrapassaram o intervalo para a segunda dosa, também podem completar o esquema.
Mulheres e homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, devem se imunizar no esquema de três doses (0, 2, 6 meses), independentemente da idade.
Santa Catarina tem uma das maiores taxas de vacinação contra HPV: 65% das meninas do público-alvo, e 50% dos meninos, foram vacinados. O número, no entanto, ainda é menor que a meta do Ministério da Saúde, de vacinar 80% da população elegível.
— Primeiro de tudo, as pacientes devem entender o que acontece e cuidarem-se: a grande maioria dos casos decorre de uma infecção crônica pelo HPV, que é transmitido sexualmente. Logo, devem saber que o uso da camisinha pode evitar esse contato. Além disso, cuidar do corpo: não fumar, praticar exercícios físicos, controlar o peso e tratar as comorbidades vão fazer com que o organismo fique mais saudável e capaz de eliminar o vírus. Se ainda assim a infecção persistir, o exame preventivo (Papanicolau) é realizado com o intuito de diagnosticar as displasias, que são as alterações que antecedem o câncer – por isso, devem ser vistas frequentemente pelo médico e realizar os exames de rotina.
O tratamento vai depender de fatores como o estágio do câncer, extensão da doença e se a mulher deseja ter filhos ou não. No Cepon, na Capital, o tratamento dessas pacientes com câncer é realizado em todos os estágios: desde os casos mais precoces até os mais avançados, com tratamentos combinados de quimioterapia, radioterapia e cirurgias de grande porte.
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