Um jogo disputado e digno de duas seleções acostumadas a competir e avançar nos Jogos Olímpicos na madrugada desta sexta-feira, em Miyagi, no Japão, pelas quartas de final da Tóquio 2020. Brasil e Canadá precisaram de 120 minutos, mais as penalidades, para decidir quem avançava às semifinais. No detalhe, deu Canadá, por 4 a 3 nos tiros diretos da marca fatal, após um 0 a 0 no tempo normal e no período extra. Com o resultado, a seleção feminina brasileira está eliminada da Olímpiada.
Numa partida de defesas superiores aos ataques, o time de Pia Sundhage até chegou mais perto da vitória com a bola rolando, mas viu a boa goleira Labbé se destacar e a falta de criatividade do ataque prevalecer. Na decisão de pênaltis, a vantagem apareceu logo na primeira cobrança, com defesa de Barbara em chute de Sinclair, mas Andressa Alves e Rafa desperdiçaram e a eficiência canadense apareceu no fim para selar o placar em 4 a 3.
A derrota marca a despedida da veterana Formiga, de 40 anos, das competições olímpicas e é a primeira da técnica sueca em seu trabalho no Brasil. Ela é tri-medalhista com os Estados Unidos e a Suécia. No final da partida, as atletas formaram uma roda e conversaram sobre o desempenho e os avanços do futebol feminino no país.
Equilíbrio tático
Como era esperado, o jogo começou estudado com as duas equipes tentando tomar o controle do meio de campo. No entanto, as defesas conseguiram levar a melhor contra os ataques. Assim, foi preciso arriscar de longe. Foi o que fez Thamires aos 14 minutos, em finalização por cima do gol depois de tabela com a Rainha Marta.
A resposta canadense veio rápida e em velocidade. A camisa 10 Lawrecen fez linda jogada pela direita e cruzou no capricho para Sincliar. Por sorte, a atacante se atrapalhou e a goleira Barbara ficou com a bola.
O momento de maior emoção na primeira etapa veio com o árbitro de vídeo. Andressinha foi derrubada na direita já dentro da área. A árbitra assinalou a penalidade e a assistente o impedimento. Avisada de que a posição era legal, o VAR chamou a juíza para observar o lance na tela. O pênalti foi desmarcado e o jogo seguiu.
Aos 40 minutos, a melhor oportundidade do Brasil até então. A zaga do Canadá errou e Debinha ficou na cara da goleira Labbé. A atacante brasileira finalizou de direita e a bola ficou no pé da arqueira adversária, que comemorou muito a grande defesa responsável pela igualdade até o intervalo.
Defesas eficientes
As defesas seguiram prevalecendo diante dos ataques na segunda etapa. Quando isso não acontecia, a sorte aparecia. Aos 14 minutos, Gilles testou livre dentro da área e mandou na trave. Antes, Andressinha tentou finalização de longe para firme defesa de Labbé, tentando "testar" mais a goleira adversária.
Precisando de mais intensidade, a técnica Pia Sundhage colocou Ludmilla na vaga de Bia Zaneratto. A alteração deixou a seleção mais aguda, mas a resposta canadense veio com a entrada da rápida Rose no lugar de Prince. Essas opções de velocidade clarearam o campo e os ataques passaram a ir de área a área. O problema é que os sistemas defensivos estavam consistentes. Para furar, Debinha arriscou um chute de fora da área que Labbé espalmou.
A espacada veloz do Canadá quase rendeu o 1 a 0, não fosse o pé salvador de Erika aos 40 minutos em finalização de Rose. A seleção brasileira respondeu na mesma moeda. Ludmilla foi lançada, mas a goleira conseguiu abafar a bola e salvar o lance.
Conforme o relógio avançava, a partida ia ficando mais aberta e emocionante. Nos últimos minutos, a bola rondou ambas as áreas, mas não resultou em finalização perigosa para nenhum dos lados. Ao longo de todo o jogo, foram 90 minutos de defesas excepcionais diante dos ataques e a decisão da vaga foi para a prorrogação.
Nada de gols na prorrogação
A tensão que permeeou a partida nos minutos finais seguiu na prorrogação. Os times fecharam os espaços e passaram a se resguardar defensivamente. A opção estava na velocidade de Ludmilla. Aos 9, quase a atacante se aproveitou de falha da zaga do Canadá. A goleira Labbé se recuperou bem e salvou a tempo.
Pia promoveu a entrada de Andressa Alves na vaga de Duda, pensando em um maior controle de bola no meio de campo ainda na primeira metade do período extra.
Na segunda etapa, a escapada seguia sendo a atacante Ludmilla. Aos 2 minutos, ela driblou a marcação, mas o cruzamento não achou ninguém dentro da área. O Brasil, mais inteiro fisicamente, quase marcou aos 7. Debinha recebeu na entrada da área e mandou perto da trave adversária.
Assim como no tempo normal, na prorrogação a melhor chance também foi brasileira. Após cruzamento na área, Erika apareceu para desviar no canto e Labbé fez grande defesa e tudo ficou para as penalidades.
Canadá vira no pênaltis
A experiente Sinclair errou a primeira penalidade e Marta converteu. Assim, o Brasil seguiu a frente até a sétima cobrança, quando Andressa Alves errou. Aí, o Canadá converteu suas duas cobranças e e jogou a pressão para a zagueira Rafa, que cobrou e Labbé defendeu selando a eliminação.
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