O Inter renegocia pagamentos em um lado, enxuga gastos no outro e corta até no futebol para conter os impactos financeiros da pandemia do coronavírus. No esforço mais recente, a diretoria entrou em acordo com os atletas para readequar os vencimentos durante a paralisação do calendário. A medida dá fôlego para o clube sobreviver à crise. Mas não a ponto de permitir investimentos no elenco.
Após definir o "congelamento" do pagamento dos direitos de imagem por três meses e adiá-lo para janeiro de 2021, o Inter praticamente fecha as portas para novos reforços. O clube só voltará ao mercado em busca de contratações para repor uma eventual saída do elenco.
A diretoria colorada descarta fazer investidas no mercado por dois motivos. O primeiro tem a ver com a falta de recursos. O clube estima perder R$ 100 milhões em receitas devido à pandemia do coronavírus e faz esforços em todas as áreas para reduzir o orçamento em 30%.
Além das readequações com atletas, o clube renegocia pagamentos a fornecedores e dívidas bancárias e proibiu todas as vice-presidências de firmar novos contratos. O técnico Eduardo Coudet também teve seus vencimentos reduzidos durante a paralisação.
O relacionamento com o grupo de jogadores também pesa. A diretoria julga ser desleal e injusto com o elenco atual fazer investimentos por novos atletas logo após ter reduzido salários para "respirar" em meio à crise.
E as especulações são recorrentes, assim como as negativas dos dirigentes. Desde a paralisação do futebol, pipocaram nomes como John Obi Mikel, Edinson Cavani, Franco Cervi e Taison no radar colorado. Todos rechaçados veementemente pelo clube.
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John Obi Mikel na Copa de 2018; Inter nega interesse em nigeriano — Foto: REUTERS/Henry Romero
O último atleta a ser cogitado foi o volante Romulo, do Brescia, e que já esteve próximo do clube em outras oportunidades. A diretoria admite monitorar o atleta. Mas a resposta do vice de futebol Alessandro Barcellos transparece a realidade do clube. A manutenção do elenco virou sinônimo de reforço.
- Já foi monitorado. Mas não tem nenhuma chance. Acho legal o posicionamento dele (de vir jogar no Inter). Mas não tem chance, nem ele nem outro. Pelo contrário, lutamos para manter o atual elenco. Jogadores da base vão cumprir muitas funções, uso Praxedes como exemplo. Não temos o interesse, não estamos contratado. Temos o grupo que está aí - disse o dirigente por telefone.
Em paralelo ao corte das despesas, cresce a necessidade de negociar jogadores para fazer fluxo de caixa. O clube até cogitou abrir mão de vendas em 2020, por esperar o mercado com valores mais baixos.
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Elenco do Inter segue sem previsão de retornar aos treinos — Foto: Ricardo Duarte / Internacional
Mas a alta do euro, batendo na casa dos R$ 6, é um trunfo nas negociações. Antes da pandemia do coronavírus, a diretoria estimava faturar mais de R$ 90 milhões com vendas.
Com atividades suspensas por tempo indeterminado, o jogadores, comissão técnica e funcionários do Inter entraram oficialmente em férias no dia 1º de abril. Oficialmente, o recesso vigora até dia 30, mas não há confirmação de quando as atividades serão retomadas no CT do Parque Gigante.
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