O número de trabalhadores de frigoríficos diagnosticados com Covid-19 tem crescido no Oeste catarinense.
Em Concórdia, por exemplo, eles representam mais da metade dos casos de coronavírus da cidade, o que motivou uma investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT-SC).
O presidente da Associação Brasileira Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, adiantou que o protocolo nacional, já estabelecido, será reforçado em Santa Catarina por meio de decreto e comentou ações previstas no documento, como a testagem dos funcionários.
"Você faz hoje [o teste para Covid-19] e amanhã não sabe se tem ou não tem, se contraiu o vírus ou não. Mas é uma forma de você reiniciar, pelo menos fazendo por amostragem, de alguma maneira. Isso está nesse protocolo que já existe, só ele não está sendo implementado porque veio como uma circular e agora ele vem como um decreto, essa é a diferença", afirmou.
O tema foi discutido em uma conferência virtual realizada terça-feira (20), da qual participaram a Associação Brasileira Proteína Animal, o Ministério do Trabalho e Emprego, o Ministério da Agricultura e o Ministério Público do Trabalho (MPT).
Para ele, os principais desafios durante a pandemia têm sido produzir alimentos ao mesmo tempo que mantém empregos e protege os trabalhadores da contaminação.
Turra disse ainda que, inicialmente, as indústrias passaram mais de 30 dias sem casos da doença, seguindo o protocolo de prevenção.
"Portanto, o vírus não está nos frigoríficos. O vírus veio de longe, veio do exterior, veio de avião. Conseguimos ir levando até o momento, sabendo que nós não somos imunes, que nós não estamos em uma redoma, não estamos numa bolha. Nós tivemos casos e fomos exatamente apertando o protocolo, arrumando, protegendo mais e fazendo tudo possível. Nós da ABPA temos protocolo [do hospital] Albert Einstein", disse.
Na segunda-feira (18), um frigorífico de aves em Ipumirim, no Oeste catarinense, foi interditado após a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, vinculada ao Ministério da Economia, identificar irregularidades na prevenção a Covid-19. Além dessa, outra planta frigorífica no Norte do país também foi fechada, segundo Turra.
Medidas para diminuir contágio e unificação do protocolo
Sem especificar quais medidas têm tomado, o presidente da ABPA afirmou que o setor tem buscado aumentar a proteção contra o coronavírus e comentou ações de prefeituras, o Ministério Público e do Ministério Público do Trabalho (MPT) durante as fiscalizações ocorridas na região sul do país.
"Não dá para demonizar, como aconteceu. Aqui no Rio Grande do Sul, algumas empresas foram fechadas por diferentes órgãos (...). Repentinamente, o vírus continuou. Em algumas cidades, onde fechou 20 dias, os casos aumentaram quase 100%. Não é exatamente, então, o frigorífico o agente do vírus, o portador do vírus", defende.
O presidente da ABPA lembra que Santa Catarina é o maior produtor de suínos do mundo e o segundo maior produtor e exportador de aves. Turra diz ainda que não houve desemprego no setor.
"Geramos mais de 15 mil novos empregos, sem demitir sem fazer nenhuma questão trabalhista, sem ter nenhum problema. Acho que é um setor que faz a sua parte", disse.
Entidades do agronegócio catarinense tem buscado criar um protocolo unificado para todas as indústrias do estado, tema que tem sido discutido também pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). A proposta de unificação é elogiada por Turra. "As entidades estão fazendo o que é necessário nesta hora", disse.
Casos em frigoríficos
O presidente a ABPA afirmou que o aumento de casos de coronavírus em frigoríficos foi discutido na reunião com o Ministério da Agricultura.
"O cômodo seria agora, dizer assim. 'É problemático, vamos fechar, deu coronavírus, vamos fechar. E deu nos hospitais e daí? Vamos fechar os hospitais? Vamos fechar agências bancárias onde iniciou em alguns lugares? Não, estamos resolvendo com consciência, cuidado, higiene, máscara. Seguindo esses preceitos acho que a gente pode superar", disse.
Para Turra, é preciso se concentrar onde há problemas e buscar o diálogo entre diretores das empresas e os trabalhadores. Uma das medidas mencionadas é a parada pontual programada.
"Algumas empresas chegaram a parar um dia, dois dias voluntariamente. (...) Diferente do que você parar uma loja, uma fábrica de móveis, que é durável e não é perecível como a nossa e que tem uma cadeia. Hoje nos temos 930 milhões de aves e 40 milhões de suínos no campo, você imagine acontecer o que aconteceu nos EUA", afirmou, mencionando ações adotadas pelo governo norte-americano que fechou frigoríficos por causa da pandemia, impactando diretamente na produção e no estoque do país, segundo Turra.
Fonte: G1 / SC
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